Do
rio que tudo arrasta
se
diz que é violento,
Mas
não diz violentas
As
margens que o comprimem
Bertold Brecht
A todos vocês que pautam
seus trabalhos sugando o máximo de poesia de cada aluno que possui, deixo aqui
algumas indagações para refletir na busca de uma educação de qualidade pautada
nos valores éticos e da cidadania: Será que todos nós pensamos no amanhã ou
pautamos somente nas nossas necessidades mesquinhas do individualismo?
Construímos, de fato, um “hoje” pautado na essência do ser cidadão/ético e com
valor cristão? Motivamos àqueles que não se sentem mais aptos para educar ou
ser educado ou contribuímos para a alienação, somente reclamando de tudo? O
poema de Bertold Brecht deixa claro o quanto nossas margens nos comprimem, esse
sistema de “não educação” que aceitamos sem protestar.
É triste saber que algumas dessas
indagações ainda perpetuam sobre o nosso horizonte escolar. Se sabemos que o
Brasil está em crise, principalmente, no que diz respeito à educação, por que,
então, não fazemos nada e continuamos a ser sujeito dela? Partindo do princípio
lógico que a origem e as causas gerais dessa problemática transcendem os
limites da educação, pois se encontra na crise do mundo moderno, é necessário,
então, que revertamos e modificamos esse quadro tão mesquinho, e que oportuniza,
somente, alguns, e mantem um índice elevado de desigualdade social brasileira.
Todavia, o primeiro passo a ser dado é
o reconhecimento de que estamos em crise, como cita Hannah Arendt na qual diz a
crise na educação também está relacionada à
introdução de abordagens educacionais de caráter psicopedagógico, as quais, em
vez contribuir para educar os jovens para a responsabilidade pelo mundo e para
a ação política, os mantêm numa condição infantilizada que se estende até a
idade adulta, trazendo, em consequência, novos problemas políticos. A autora nos propõe que enxerguemos a crise
como momento privilegiado para o exercício da atividade crítica. O caos também
deve ser entendido como momento crucial para reflexões críticas a respeito do
próprio processo de educacional e de si mesmo enquanto educadores e
transformadores.
É na escola que nos
libertamos da mesquinharia e da estupidez tão encarcerada de relações egoístas,
assim é nela que construímos uma identidade politizada e humanizadora, como nos
mostra Paulo Freire com tanta perspicácia em sua obra “Pedagogia da autonomia:
saberes necessários à prática educativa”. Se
sabemos que o mundo moderno está em crise, por que, então, não mudamos o
processo de construção do aluno/leitor/escritor e principalmente crítico do
meio em que vive? Por que não investir nas mudanças sociais com leituras, seja
de obras, ou de mundo, que de fato faça o aluno refletir e se posicionar diante
de sua realidade? Leituras essas pautadas na construção de sujeitos mais
éticos, críticos e construtor de significados.
Mudar a forma como o professor
constrói o processo de formação dos seus discentes é verificar uma sociedade
mais justa e preocupada com suas causas e conflitos da época. Pois as mudanças
podem ocorrer, através das leituras (de obras, de si mesmo, de mundo, de
exercer seu raciocínio crítico), que transcendem os limites da educação. Então, enxerguemos a crise como
momento privilegiado para o exercício da atividade reflexiva e crítica a
respeito do próprio processo educacional, é momento de entender como essas “as
leituras” se encaixam nessa prolixidade das relações humanísticas, é saber que
o processo leitor do aluno é primordial na formação autônoma e cidadã.
PENSE NISSO QUERIDOS EDUCADORES!
ARENDT,
Hannah. A crise na educação. In: Entre o passado e o futuro.
Tradução Mauro W. Barbosa de Almeida. 5ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2005.
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